🧬 Resumo
A Mpox (anteriormente chamada varíola dos macacos) voltou ao foco mundial após surtos em diversos países, inclusive no Brasil. Com a evolução da ciência, a vacina contra a Mpox tornou-se uma importante ferramenta de controle.
Este artigo científico traz uma análise completa e atualizada sobre a vacinação: quem deve receber, indicações clínicas, disponibilidade. A vacina da Mpox tornou-se essencial após os surtos pós-2022…”
📖 Introdução
A varíola dos macacos, hoje chamada Mpox pela OMS, emergiu como uma zoonose viral preocupante, especialmente após o surto global iniciado em 2022.
Apesar de anteriormente restrita a regiões da África, a doença se espalhou para países da Europa, Américas e Ásia, levantando alertas internacionais.
Com sintomas semelhantes aos da varíola humana e potencial de contágio em populações vulneráveis, a Mpox passou a ser monitorada com rigor.
Felizmente, vacinas antes utilizadas contra a varíola comum demonstraram eficácia cruzada e foram incorporadas às estratégias de controle. Mas afinal, quem deve se vacinar?
🧠 Definições Técnicas e Exemplos Clínicos
A Mpox é uma zoonose viral causada pelo Monkeypox virus (MPXV), pertencente ao gênero Orthopoxvirus. Sua transmissão pode ocorrer por contato direto coþm lesões de pele, fluidos corporais, gotículas respiratórias ou superfícies contaminadas.
Exemplo clínico:
Um homem de 35 anos procura atendimento com febre alta, lesões pustulosas dolorosas na pele, linfadenopatia e dor de garganta. Relata contato sexual recente com múltiplos parceiros. Após coleta de amostras, é confirmado o diagnóstico de Mpox.
O quadro clínico é geralmente autolimitado, mas pode se agravar em pessoas imunossuprimidas, crianças e gestantes.
🤒 Sintomas, Causas e Fatores de Risco que a Vacina da Mpox
Principais sintomas:
- Febre
- Dor de cabeça intensa
- Adenomegalia (gânglios inchados)
- Dores musculares
- Erupções cutâneas pustulosas que evoluem em estágios
Causas:
- Exposição ao vírus por contato com secreções ou lesões
- Contato íntimo (inclusive sexual)
- Uso compartilhado de objetos contaminados
Fatores de risco:
- Homens que fazem sexo com homens (HSH), em populações com alta taxa de exposição
- Imunossuprimidos (HIV/AIDS)
- Trabalhadores da saúde sem EPI adequado
- Pessoas com histórico de viagens para regiões com surto
🧪 Diagnóstico: Clínico, Laboratorial e por Imagem
Avaliação clínica:
- Anamnese detalhada com investigação de contatos e viagens
- Exame físico das lesões cutâneas
Exames laboratoriais:
- PCR para Monkeypox vírus: padrão ouro
- Cultura viral (menos utilizada)
- Sorologia (pouco sensível nas fases iniciais)
Exames de imagem:
- Não são necessários para diagnóstico, exceto em casos de complicações (ex. pneumonia, encefalite)
💉 Tratamento contra a Mpox Convencional, Complementar e pelo SUS
Tratamento convencional:
- Sintomático: antitérmicos, analgésicos e hidratação
- Isolamento domiciliar até resolução completa das lesões
- Antivirais como tecovirimat são usados apenas em casos graves
Tratamento complementar:
- Fitoterapia e homeopatia não são indicadas como tratamento exclusivo
- Estratégias de suporte como banhos mornos, hidratação da pele e suplementação vitamínica podem ajudar no conforto
Atendimento pelo SUS:
- Atendimento ambulatorial gratuito
- Testagem disponível em unidades sentinelas
- Vacinação restrita a grupos de risco específicos
👩⚕️ Papel do Enfermeiro e da Equipe Multidisciplinar
O enfermeiro é peça-chave no enfrentamento da Mpox, atuando na:
- Identificação de casos suspeitos
- Isolamento e orientações sobre prevenção
- Administração da vacina Jynneos
- Educação em saúde nas comunidades
- Notificação compulsória de casos
A equipe multidisciplinar (médicos, infectologistas, farmacêuticos, assistentes sociais) contribui para uma abordagem integral, assegurando diagnóstico precoce, adesão ao tratamento e suporte psicossocial.
🛡️ Estratégias de Prevenção e Autocuidado
Prevenção individual:
- Evitar contato com lesões de pele ou fluidos corporais
- Uso de preservativos em relações sexuais
- Higienização frequente das mãos
- Evitar compartilhamento de roupas e toalhas
Vacinação:
- Disponível em centros de referência para imunobiológicos especiais (CRIE)
- Aplicação da vacina Jynneos (2 doses com intervalo de 28 dias)
- A vacina é segura, baseada em vírus não replicante e não contém o vírus vivo da varíola
📊 Tabela Comparativa: Mpox x Varíola Humana
Característica | Mpox | Varíola Humana |
---|---|---|
Agente etiológico | Monkeypox vírus | Variola major/minor |
Taxa de mortalidade | 1% a 10% (dependendo do clado) | Até 30% |
Lesões cutâneas | Pústulas com centro umbilicado | Lesões planas e progressivas |
Linfadenopatia | Frequente | Rara |
Transmissão | Contato direto, gotículas, objetos | Respiratória e contato direto |
Vacinação | Jynneos (atual) | Erradicada, com vacina tradicional |
❓ FAQ — Perguntas Frequentes
1. A vacina da Mpox é obrigatória?
Não. A vacinação é indicada apenas para grupos de risco e profissionais expostos.
2. A vacina está disponível para toda a população?
Não. Ela é aplicada somente em Centros de Referência, com prescrição médica e critério epidemiológico.
3. Posso tomar a vacina se tive contato com alguém infectado?
Sim, idealmente até 4 dias após o contato para maior eficácia na prevenção.
4. Gestantes e lactantes podem se vacinar?
Ainda não há evidências conclusivas. A vacinação deve ser avaliada individualmente por risco-benefício.
5. Onde posso me vacinar?
Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Consulte a Secretaria de Saúde local.

✅ Conclusão
A Mpox representa um desafio emergente para a saúde pública mundial. A vacina Jynneos simboliza um avanço da ciência ao permitir a prevenção segura em grupos vulneráveis. Cabe aos profissionais de saúde, sobretudo enfermeiros, o protagonismo na vigilância ativa, educação e cuidado integral à população.
A informação é a melhor vacina contra o medo e o preconceito. Compartilhe este conteúdo e fortaleça a saúde coletiva.
📚 Referências Científicas
- Ministério da Saúde. Guia Técnico para a Vacinação Contra Mpox. 2024.
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Mpox Fact Sheet. 2024.
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Monkeypox and Smallpox Vaccine Guidance.
- Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Notas Técnicas sobre a Mpox.
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Atualização sobre Vacinas Emergenciais.
🧬 Histórico da Erradicação da Varíola e a Conexão com a Mpox
A varíola humana, causada pelo vírus Variola major, foi uma das doenças mais devastadoras da história, responsável por milhões de mortes ao longo dos séculos. Em 1980, após uma intensa campanha global de vacinação liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença foi oficialmente erradicada — a primeira e única erradicação viral já registrada em humanos.
Com o fim da vacinação contra a varíola nos anos 1980, grande parte da população mundial ficou vulnerável aos vírus relacionados, como o Monkeypox vírus (MPXV). Esse “vazio imunológico” pode ter contribuído para o ressurgimento da Mpox em humanos, especialmente após mudanças ambientais e de comportamento humano nas últimas décadas.
Estudos sugerem que a vacina contra a varíola oferece cerca de 85% de proteção cruzada contra a Mpox, o que fundamenta o uso da vacina Jynneos nas estratégias atuais de imunização.
🌍 Panorama Global da Mpox e da Vacinação
A partir de 2022, a Mpox deixou de ser considerada uma doença exclusivamente africana e passou a representar uma emergência de saúde pública internacional. O surto se espalhou rapidamente por países da Europa, América do Norte e América do Sul.
Em resposta, a vacina Jynneos, também conhecida como Imvamune ou Imvanex, foi aprovada por órgãos como a FDA (EUA) e a EMA (União Europeia), sendo recomendada para grupos de alto risco, como:
- Homens que fazem sexo com homens (HSH) com múltiplos parceiros
- Profissionais de saúde expostos
- Contatos próximos de casos confirmados
- Imunossuprimidos
O Brasil seguiu essas diretrizes e incluiu a vacina no Plano Nacional de Imunizações (PNI), com distribuição estratégica em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
🧑⚕️ Protocolo de Atendimento de Enfermagem em Casos de Mpox
O enfermeiro deve seguir um fluxo clínico padronizado em suspeitas de Mpox, que inclui:
- Recepção com triagem e isolamento imediato
- Coleta de informações epidemiológicas detalhadas
- Avaliação das lesões cutâneas e presença de sintomas sistêmicos
- Notificação compulsória do caso suspeito
- Coleta de material para exame PCR
- Encaminhamento para testagem e monitoramento
- Orientação ao paciente e à família sobre cuidados, isolamento e sinais de alerta
Além disso, o profissional deve utilizar EPI completo (luvas, avental, máscara N95 e proteção ocular), especialmente durante a coleta de amostras ou cuidados com lesões abertas.
🧪 Estudo de Caso Clínico Detalhado
Paciente: Mulher, 29 anos, HIV positiva em TARV regular
Histórico: Contato íntimo com parceiro diagnosticado com Mpox há 7 dias
Sintomas: Febre, calafrios, dor de cabeça, lesões pustulosas dolorosas na região genital e dor lombar
Conduta médica/enfermagem:
- Coleta de amostra para PCR (positivo para MPXV)
- Início de isolamento domiciliar e medidas de suporte (antitérmicos, hidratação)
- Avaliação de lesões diariamente por teleconsulta
- Monitoramento de sinais vitais e linfadenopatia
Desfecho: Evolução satisfatória em 17 dias, com resolução completa das lesões e sem complicações sistêmicas
🧩 Impacto Psicossocial da Mpox e o Papel da Educação em Saúde
Apesar de ser uma doença com baixa letalidade, a Mpox pode causar impacto psicológico importante, principalmente devido:
- Estigma associado à forma de transmissão
- Isolamento social prolongado
- Dor física e desconforto das lesões
- Ansiedade por possíveis sequelas estéticas
A educação em saúde e o acolhimento humanizado são fundamentais para reduzir o medo e evitar o preconceito. Profissionais devem orientar com empatia, evitando julgamentos e disseminando informações corretas.
📌 Cuidados Pós-Vacinação e Monitoramento
Após a aplicação da vacina Jynneos, os principais cuidados incluem:
- Manter o local da aplicação limpo e seco por 24 horas
- Evitar esforço físico intenso nas primeiras 48 horas
- Observar reações como dor no local, febre leve ou mal-estar (normais e autolimitadas)
- Procurar atendimento se houver febre persistente, reação alérgica ou lesão de pele no local da aplicação
Além disso, é essencial realizar o acompanhamento da segunda dose após 28 dias, para garantir a eficácia máxima da imunização.
📌 Boas Práticas em Comunicação de Risco
Durante surtos, a comunicação de risco deve seguir diretrizes de clareza, evidência científica e sensibilidade social. É recomendado que órgãos públicos e profissionais de saúde:
- Evitem alarmismo ou linguagem sensacionalista
- Informem com dados atualizados e verificáveis
- Esclareçam mitos (ex: Mpox não é exclusivamente sexual)
- Fortaleçam o papel da prevenção e da vacinação com empatia
✅ Conclusão Complementar
A vacinação contra a Mpox representa uma vitória da ciência moderna frente às ameaças virais emergentes. Embora a doença ainda seja considerada rara, sua capacidade de surtos regionais impõe a necessidade de vigilância constante, acesso ampliado à vacina e capacitação profissional contínua.
Enfermeiros e profissionais da saúde devem liderar, não só o cuidado clínico, mas também o combate à desinformação, sendo agentes ativos na proteção da saúde coletiva.