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Menopausa: o que é necessário saber para viver essa fase com qualidade de vida

A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, mas que ainda gera dúvidas, inseguranças e até preconceitos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estimam se que até 2030 mais de 1,2 bilhão de mulheres estarão em idade mesopausa no mundo.

Entretanto no Brasil, calcular se que cerca de 30 milhões já convivam com os sintomas típicos.

Ondas de calor, alterações de humor, insônia e mudanças no metabolismo são alguns sinais comuns, mas os impactos vão muito além do corpo.

Entender o que realmente acontece nessa fase é fundamental para promover qualidade de vida, prevenir complicações e reduzir o estigma em torno do envelhecimento feminino.


Introdução

A menopausa não deve ser vista como o “fim da juventude”, mas sim como o início de uma nova etapa da vida da mulher. É um processo fisiológico, marcado pela interrupção definitiva dos ciclos menstruais, que ocorre geralmente entre os 45 e 55 anos.

No entanto, muitas mulheres enfrentam sintomas que podem comprometer a saúde física, emocional e social.

Além disso, fatores como expectativa de vida mais longa, maior acesso à saúde e mudanças sociais colocam a menopausa como um tema de interesse não apenas das pacientes, mas também dos profissionais da área da saúde.

Abordar o assunto com clareza, embasamento científico e empatia é fundamental para quebrar tabus e oferecer estratégias de cuidado integral.


Definição técnica: menopausa e climatério

É comum confundir menopausa e climatério, mas existem diferenças importantes:

  • Menopausa: refere-se à última menstruação da mulher, confirmada após 12 meses consecutivos sem sangramento menstrual. É um marco biológico que indica a falência definitiva da função ovariana.
  • Climatério: é o período de transição que vai desde a fase reprodutiva até a pós-menopausa. Inclui alterações hormonais progressivas, com sintomas variáveis em intensidade e duração.

O climatério pode se estender por anos, com início geralmente por volta dos 40 anos e final após os 60 anos, dependendo da mulher. Já a menopausa é apenas um ponto dentro dessa linha do tempo.


Causas e fisiologia

A principal causa da menopausa é a redução da atividade dos ovários, levando à queda da produção de estrogênio e progesterona. Essas alterações hormonais impactam diretamente o metabolismo, o sistema cardiovascular, a densidade óssea e até mesmo o humor.

Fatores envolvidos:

  • Idade: a média de ocorrência é aos 51 anos.
  • Genética: histórico familiar influencia diretamente a idade da menopausa.
  • Cirurgias ginecológicas: a retirada dos ovários (ooforectomia) causa a chamada menopausa cirúrgica.
  • Tratamentos oncológicos: quimioterapia e radioterapia pélvica podem acelerar o processo.
  • Doenças autoimunes: em alguns casos, podem levar à falência ovariana precoce.

Quando a menopausa acontece antes dos 40 anos, é chamada de menopausa precoce ou falência ovariana prematura, condição que merece atenção especial devido ao impacto no metabolismo e na fertilidade.


Sintomas mais comuns

A intensidade e a duração dos sintomas variam de mulher para mulher. Alguns podem durar meses, enquanto outros permanecem por anos.

Sintomas vasomotores

  • Ondas de calor: sensação súbita de calor intenso, principalmente no rosto e no tronco.
  • Sudorese noturna: suor excessivo que atrapalha o sono.

Alterações no sono e no humor

  • Insônia ou dificuldade para manter o sono.
  • Irritabilidade e ansiedade, frequentemente relacionadas às mudanças hormonais.
  • Depressão em alguns casos, potencializada por fatores sociais e pessoais.

Alterações geniturinárias

  • Secura vaginal, dor ou desconforto nas relações sexuais.
  • Diminuição da libido.
  • Aumento do risco de infecções urinárias.

Alterações metabólicas e físicas

  • Aumento de peso, especialmente na região abdominal.
  • Redução da massa óssea, aumentando o risco de osteoporose.
  • Queda de cabelo e ressecamento da pele.

Além desses, sintomas cognitivos, como dificuldade de concentração e lapsos de memória, também podem ser relatados.


Fatores de risco

Nem todas as mulheres vivenciam a menopausa da mesma forma. Alguns fatores aumentam a probabilidade de sintomas mais intensos ou de menopausa precoce:

  • Histórico familiar de menopausa precoce.
  • Tabagismo: acelera a perda da função ovariana.
  • Sedentarismo e dieta desequilibrada.
  • Estresse crônico.
  • Doenças autoimunes.

Por outro lado, hábitos saudáveis, como atividade física regular e alimentação equilibrada, podem reduzir a intensidade dos sintomas e proteger a saúde óssea e cardiovascular.


Diagnóstico clínico e exames

O diagnóstico da menopausa geralmente é clínico, baseado nos sintomas e na ausência de menstruação por 12 meses consecutivos. No entanto, alguns exames podem ajudar a confirmar e avaliar riscos associados:

  • FSH (hormônio folículo-estimulante): níveis elevados indicam falência ovariana.
  • Estradiol: níveis baixos reforçam o diagnóstico.
  • Exames complementares: densitometria óssea, perfil lipídico, glicemia e pressão arterial para monitorar riscos associados.

É fundamental a avaliação ginecológica e, se necessário, acompanhamento com outros especialistas, como endocrinologista, cardiologista e nutricionista


Tratamentos tradicionais disponíveis

O tratamento da menopausa deve ser individualizado, levando em conta a intensidade dos sintomas, os fatores de risco e a qualidade de vida da mulher. Nem todas necessitam de medicamentos, mas quando os sintomas são incapacitantes, a intervenção médica pode ser indicada.

Acompanhamento pelo SUS

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece consultas ginecológicas, exames laboratoriais e acesso a medicamentos, quando necessário. A reposição hormonal pode ser prescrita por médicos da rede pública, mas em alguns casos os fármacos precisam ser adquiridos na rede particular. Além disso, o SUS disponibiliza acompanhamento multiprofissional, incluindo apoio psicológico, orientações nutricionais e atividades de promoção à saúde.

Medicamentos tradicionais

  1. Terapia de reposição hormonal (TRH): indicada principalmente para sintomas vasomotores intensos e prevenção de osteoporose. Pode ser feita com estrogênio isolado (para mulheres histerectomizadas) ou combinado com progesterona (para mulheres com útero).
  2. Antidepressivos: alguns inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como a paroxetina, são usados em casos de ondas de calor intensas ou sintomas depressivos.
  3. Fitoterápicos industrializados: extratos padronizados de isoflavonas e cimicífuga podem ser prescritos, embora a eficácia seja variável.
  4. Cálcio e vitamina D: essenciais para a saúde óssea e prevenção da osteoporose.

Terapia de reposição hormonal (TRH): riscos e benefícios

A TRH é um dos tratamentos mais estudados e utilizados no mundo. Contudo, deve ser sempre avaliada com cautela, considerando histórico clínico, idade e tempo desde o início da menopausa.

Benefícios

  • Redução significativa das ondas de calor e suores noturnos.
  • Melhora do sono e do humor.
  • Aumento da lubrificação vaginal e da libido.
  • Proteção contra perda óssea e redução do risco de fraturas.

Riscos e contraindicações

  • Pode aumentar o risco de câncer de mama, especialmente em uso prolongado.
  • Maior risco de trombose venosa profunda e acidente vascular cerebral (AVC).
  • Não é indicada para mulheres com histórico de câncer hormonodependente, doenças hepáticas graves ou eventos tromboembólicos prévios.

O consenso médico atual indica que a TRH pode ser segura e eficaz quando usada em mulheres saudáveis, abaixo de 60 anos, e por tempo limitado (até 5 anos em média). O acompanhamento periódico é fundamental.


Tratamentos complementares e naturais com evidências

Além da TRH e dos medicamentos convencionais, muitas mulheres buscam alternativas para aliviar os sintomas da menopausa. É importante destacar que nem todas possuem comprovação científica robusta, mas algumas mostram resultados positivos em estudos clínicos.

Alimentação funcional

  • Soja e isoflavonas: alimentos como tofu, leite de soja e edamame contêm fitoestrógenos que podem amenizar ondas de calor.
  • Linhaça: rica em lignanas, auxilia na regulação hormonal e no controle do colesterol.
  • Alimentos ricos em cálcio e vitamina D: leite, queijos, sardinha e vegetais verde-escuros para proteção óssea.

Fitoterápicos

  • Cimicífuga racemosa: estudos apontam melhora nos sintomas vasomotores.
  • Trifólio-vermelho: contém isoflavonas, mas os resultados ainda são controversos.

Atividade física

  • Exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, ciclismo) ajudam no controle de peso e saúde cardiovascular.
  • Musculação é essencial para manter a massa óssea e muscular.
  • Yoga e pilates reduzem ansiedade, melhoram sono e flexibilidade.

Técnicas integrativas

  • Acupuntura: pode aliviar ondas de calor e ansiedade.
  • Mindfulness e meditação: contribuem para o equilíbrio emocional e controle do estresse.

Papel do enfermeiro e da equipe multiprofissional

O enfermeiro desempenha papel fundamental no acompanhamento da mulher no climatério e menopausa. Sua atuação vai além da aplicação de protocolos, envolvendo escuta qualificada, orientação em saúde e promoção da autonomia feminina.

Principais funções do enfermeiro

  • Educação em saúde: esclarecendo dúvidas sobre sintomas, tratamentos e prevenção.
  • Aconselhamento nutricional e de estilo de vida, muitas vezes em parceria com nutricionistas.
  • Apoio psicológico inicial, identificando sinais de depressão ou ansiedade e encaminhando, se necessário.
  • Acompanhamento na adesão terapêutica: verificando se a paciente está usando corretamente a TRH ou outros medicamentos.
  • Promoção da saúde coletiva: organização de grupos de apoio e rodas de conversa sobre menopausa em unidades de saúde.

Essa abordagem multiprofissional, envolvendo médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas, amplia a qualidade do cuidado.


Prevenção e orientações práticas

Embora a menopausa seja inevitável, é possível minimizar seus impactos e manter qualidade de vida com algumas medidas preventivas:

  1. Alimentação equilibrada: priorizar frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras.
  2. Evitar excesso de álcool e cafeína, que podem intensificar ondas de calor e insônia.
  3. Parar de fumar, pois o tabaco acelera a falência ovariana e aumenta o risco cardiovascular.
  4. Praticar atividade física regular, incluindo musculação e exercícios aeróbicos.
  5. Manter consultas periódicas com ginecologista e endocrinologista.
  6. Cuidar da saúde mental, buscando apoio psicológico quando necessário.
  7. Hidratar a pele e usar protetor solar, já que o ressecamento e o envelhecimento cutâneo são mais intensos nessa fase.

Essas medidas ajudam não apenas a controlar os sintomas, mas também a prevenir doenças crônicas como hipertensão, diabetes, osteoporose e doenças cardiovasculares.


Tabela comparativa: menopausa natural x menopausa precoce

CaracterísticaMenopausa NaturalMenopausa Precoce / Falência Ovariana Prematura
Idade de início45 a 55 anos (média: 51 anos)Antes dos 40 anos
Causa principalQueda natural da função ovarianaGenética, doenças autoimunes, cirurgias, quimioterapia
SintomasVariáveis, geralmente progressivosIntensos e de início abrupto
Impacto na fertilidadeNatural e esperadoInfertilidade precoce
Risco para saúde ósseaElevado, mas gradualMuito elevado, precoce
Necessidade de tratamentoAvaliada caso a casoGeralmente indicada TRH e suporte integral

FAQ – Perguntas e respostas comuns sobre a menopausa

1. A menopausa engorda?

A menopausa, por si só, não causa ganho de peso. O que acontece é uma mudança na distribuição da gordura corporal, que tende a se concentrar mais na região abdominal. Além disso, a redução do estrogênio altera o metabolismo, favorecendo o acúmulo de gordura e a perda de massa magra. Manter uma alimentação saudável e praticar exercícios regularmente são as melhores formas de prevenir o aumento de peso.

2. Toda mulher precisa de reposição hormonal?

Não. A terapia de reposição hormonal (TRH) é indicada apenas quando os sintomas são intensos e comprometem a qualidade de vida. Muitas mulheres conseguem controlar os desconfortos com mudanças no estilo de vida, fitoterápicos ou medicamentos não hormonais. A decisão deve ser tomada junto ao médico, considerando riscos e benefícios.

3. Existe menopausa precoce?

Sim. Quando a função ovariana cessa antes dos 40 anos, chamamos de menopausa precoce ou falência ovariana prematura. Essa condição pode estar relacionada a fatores genéticos, doenças autoimunes, cirurgias ginecológicas ou tratamentos como quimioterapia. Nesses casos, a mulher pode apresentar sintomas intensos e risco aumentado de doenças ósseas e cardiovasculares, sendo fundamental acompanhamento médico especializado.

4. Quais exames confirmam a menopausa?

O diagnóstico geralmente é clínico, mas alguns exames ajudam a confirmar:

  • FSH (hormônio folículo-estimulante): níveis elevados indicam falência ovariana.
  • Estradiol: níveis baixos reforçam o diagnóstico.
  • Densitometria óssea: avalia risco de osteoporose.
  • Exames laboratoriais complementares, como perfil lipídico e glicemia, ajudam a monitorar a saúde geral da mulher.

5. Como lidar com a menopausa sem hormônios?

É possível enfrentar a menopausa sem reposição hormonal, desde que sejam adotados hábitos saudáveis e medidas alternativas, como:

  • Alimentação equilibrada, rica em fitoestrógenos (soja, linhaça).
  • Atividade física regular, que ajuda no controle de peso e saúde mental.
  • Uso de lubrificantes vaginais para reduzir o desconforto sexual.
  • Fitoterápicos com comprovação parcial de eficácia, como cimicífuga.
  • Práticas integrativas, como yoga, meditação e acupuntura.

Conclusão reflexiva

A menopausa é um processo natural, não uma doença. No entanto, os sintomas físicos e emocionais que a acompanham podem impactar profundamente a vida das mulheres. Encarar essa fase com informação, acompanhamento profissional e autocuidado é fundamental para garantir qualidade de vida e bem-estar.

É importante que cada mulher saiba que não está sozinha: existem tratamentos, alternativas e suporte multiprofissional disponíveis, tanto no sistema público quanto na rede privada. A chave está em buscar orientação adequada, adotar hábitos de vida saudáveis e cultivar o autocuidado.

Portanto, a menopausa deve ser vista não como um fim, mas como o início de uma nova etapa da vida, que pode ser vivida com saúde, equilíbrio e autoconfiança.


Referências confiáveis

  1. Ministério da Saúde – Saúde da mulher no climatério e menopausa. Disponível em: https://www.gov.br/saude
  2. Organização Mundial da Saúde (OMS) – Women’s health and ageing.
  3. Fiocruz – Saúde da mulher: envelhecimento e menopausa.
  4. NAMS – North American Menopause Society. Menopause Practice: A Clinician’s Guide.
  5. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Diretrizes sobre menopausa e terapia de reposição hormonal.

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